Afinal, quem são os Xacriabá?
Os Xacriabá são um grupo indígena que habita o estado de Minas Gerais, nos municípios de São João das Missões e Itacarambi, nas margens do rio São Francisco. No passado eram chamados de acroás e habitavam a Bahia, onde também foi foram chamados de coroás, o Piauí, onde foram chamados gamelas, Goiás.Falam um dialeto da língua A'uwen. Hoje em dia, a tribo perdeu o uso desse dialeto e falam somente o português. Seu cacique, Domingos e alguns professores da tribo estão retomando a pesquisa e o uso do dialeto Xacriabá, juntamente com outros índios mais velhos da aldeia e pesquisadores de outras cidades.
A terra Xacriabá é dividida em 22 aldeias e 4 sub-aldeias.
Se quiser conhecer histórias, relatos da tribo e as suas aldeias visite este site.
História da Tribo
A Nação Indígena Xacriabá foi
contatada em período remoto da história da colonização. Foi no século XVI, que
a expedição do Mestre de Campo Matias Cardoso de Almeida, bandeirante paulista
que consagrou parte da sua vida a debelar aldeias indígenas no sertão mineiro,
perseguiram e surpreenderam os Xacriabás aldeados às margens do rio Itacarambi,
e num duelo desigual das raças, decretaram a morte de centenas de nativos,
tingindo de vermelho, as águas cristalina do Itacarambi, com o sangue das
frágeis vítimas daquele funesto acontecimento, no histórico dia 24 do mês de
junho de 1695. O processo histórico de catequese
dos silvícolas e de colonização da terra Xacriabá foi caracterizado pelo uso
indiscriminado da violência contra os nativos, através de guerrilhas de
repressão e extermínio, resultando em um verdadeiro e nefário genocídio. Os
sobreviventes desta raça foram obrigados a desenvolver diversificados meios e
estratégias de sobrevivência, ao preço da renúncia de suas tradições,
despojados de tudo e desenraizados do seu mundo original. Para escaparem às
perseguições dos colonizadores utilizavam da camuflagem dos diferenciais
étnicos (língua, usos e costumes), que uma vez à vista tornavam os índios
vulneráveis à repressão e às violências de colonos e colonizadores, e em muitas
vezes, expostos à fúria dos Capitães de Mato, contratados pelos Mestres de
Campo que tinham a aval da Coroa Portuguesa, para debelar aldeias indígenas e
capturar escravos, aos quais, a lei em regulamentos especiais concediam poderes
discricionários, contra aquelas miseráveis criaturas que fugiam aos grilhões da
escravidão. Em 1.726, ao retornar à região
norte mineiro, Januário Cardoso de Almeida, filho de Matias Cardoso e seu
sucessor, encontra decadente arraial de Morrinhos, fundado pelo pai, arrasado
pelos ataques de indígenas e pelas sucessivas enchentes. Reconstruiu em outro
local, a igreja edificada em homenagem a Nossa Senhora da Conceição, e parte na
reconquista de territórios na Bahia, depois de consolidar o seu prestígio como
primeiro potentado, de reino absoluto sobre territórios da bacia do rio São
Francisco. É nessa fase a etnia Xacriabá da “Missão de São João”, recebe em
doação, por parte de Januário Cardoso, devidamente autorizado pela Coroa
Portuguesa, uma faixa de terras, cujos limites foram definidos em documento
firmado no “Arraial de Morrinhos”, cuja escritura, lavrada em 10 de fevereiro
de 1728, ecoa como uma “Constituição” para os índios e denota a presença de uma
Missão de Catequese, com um aldeamento às margens do Rio Itacarambi, a “Missão
do Senhor São João”, cujo local, os índios eram “recolhidos” pelo clérigo para
o sermão doutrinal, e aos rebeldes, chicoteados para acabar com o “abuso de
serem bravos, pelos capitães-do-campo, contratados para a captura dos
subversores”. A partir do século XIX a Nação Indígena Xacriabá passa a receber
e estabelecer contato com retirantes baianos, migrantes da região seca do sul
da Bahia e negros alforriados que edificaram um valhacouto no então conhecido
como “terreno dos caboclos”. Sabendo que ali se tratava de terras dos índios,
com limites fixados pela doação de 1.728, em cuja escritura, estar patenteada à
ordenação e controle territorial que o potentado exercia na região, os imigrantes
pediam permissão ao Cacique para cultivar a terra, fazer roçados e moradas.
Permissão concedida estabelecia-se o pacto e o Líder determinava o local para
compartilhar o território. A diversidade dos Xacriabá foi tecida ao longo do
tempo, de geração em geração, através das miscigenações provocadas pelos
casamentos espúrios e das alianças políticas. Desta feita, os Xacriabá,
marcados por uma história de lutas e acordos, garantiram, até então, a ocupação
de um grande território, sob a liderança inconteste dos caciques. Com o passar
do tempo os filhos de ocupantes, vieram reivindicar a propriedade da terra, o
que resultou em diversos conflitos com os Xacriabá. Esses embates se agravaram
com a edição da Lei da Terra de 1.850, que versava sobre o recoordenamento
fundiário, através da consolidação das propriedades rurais, via procedimentos
cartoriais, onde a titulação passa a sobrepor a posse efetiva da terra. Com
essa Lei a integridade do território é ameaçada, agora não apenas pelos
descendentes dos imigrantes do sertão baiano, mas, também, por fazendeiro que
tentavam titular a terra indígena como suas. O grupo respondeu a essa ofensiva,
constituindo um representante e registrando o termo da doação de 1.728, no
livro paroquial da Vila Januária, sede da comarca, em 19 de abril de 1956 e em
Ouro Preto, Capital da Província. É a partir dessa nova investida que ocorre um
dos mais graves conflitos já registrado na historia do grupo Xacriabá, o
episódio do incêndio do curral de varas ocorrido em 1.927, quando os índios
incendiaram um curral construído com varas e estacas de aroeira, por
fazendeiros em território indígena, próximo ao local onde realizava rituais
religiosos. Em represália, os índios sofreram um verdadeiro massacre, pôr parte
de fazendeiros da região e que contou com o auxílio de forças da Polícia
Militar, resultando na morte de grande número de nativos e na dispersão do
grupo por algum tempo. No início da década de 30, registra-se uma nova
investida sobre o território foi observada através de requerimento de
parcelamento e oficialização de posses de não índios, dentro dos limites da
terra doada, movimento que incluiu a divisão da fazenda Sumaré. Novamente, o
grupo parte e desta vez constitui Advogado e registra no Cartório de Paz de
Registro Civil de Itacarambi, duas procurações em 23 de março de 1.930. Uma
para impetrar ação competente contra todos aqueles que invadirem os terrenos
destes outorgantes, aos mesmos concedidos por doação. A outra para
representá-los no requerimento de parcelamento da Fazenda Sumaré. No ano
seguinte de 1.931, o termo de doação de 1.728, é registrado no dia 28 de
fevereiro, no mesmo Cartório de Itacarambi, sob o título: “Certidão Verbum ad
verbum” uma Doação. Na década de 40, com a promulgação da Lei de nº 550, de
1949, o território indígena sofre um duro golpe e quase fatal. Passa a ser
considerada, oficialmente, como terra devoluta. O controle territorial indígena
vem então sofrer grande abalo ao ser os índios declarados pelo Estado, como
posseiros. Assim mesmo, resistem e conseguem manter o controle territorial, até
o final da década de 70, quando os órgãos fundiários oficiais começam a
intervir na região. Sob tanta ameaça e continuamente pressionados para vender
suas supostas posses, antes que as perdessem definitivamente. Muitas famílias
venderam a preços irrisórios, faixas de terras por elas utilizadas. Nessa época
o IDRA, Órgão Federal vem cadastrar para fins de reforma agrário os ocupantes
indígenas da região, oportunidade reconhecida por algumas famílias indígenas, como
necessária para garantir a posse territorial. Posteriormente o Instituto de
Terras do Estado de Minas Gerais, através da RURALMINAS, responsável pela
regularização das terras devolutas no Estado, intervém na região titulando as
posses adquiridas por não índios. Tal intervenção desconheceu o direito
indígena sob o território o que ocasionou inúmeros conflitos, ao preço de
muitas vidas que foram ceifadas durante embates cruéis e sangrentos Deixando
marcado para sempre na história o fechamento nos autos legai do primeiro
genocídio em território brasileiro.
A situação atual
Mais de 3.000 pessoas, anualmente, sofrem
com os efeitos danosos da seca. Muitas comunidades da Terra Indígena Xacriabá,
contam com sistemas de abastecimentos de água que funcionam de forma precária,
através de Poços Artesianos com bombeamento por compressores e com
distribuição, em determinada época, racionada. Muitas comunidades não têm água
potável, centenas de famílias carecem do líquido precioso, principalmente, nas
localidades de Morro Falhado, Caatinguinha e Custódio. Nas demais localidades,
assistimos impotentes, aquela gente sofrida, garimpar água nos leitos
agonizantes dos riachos e das lagoas, resistindo bravamente os efeitos deste
sombrio e lamentável quadro, onde a seca é sempre a parceira contínua das
doenças, da penúria e da fome, os colocando nos limites da mais absoluta e
extremada pobreza. Contra esta situação, a Prefeitura e a FUNASA, vêm
trabalhando muito, na luta pelo melhoramento das condições de Saneamento e
erradicação da pobreza que ainda existe graças a pouca oportunidade de emprego e do preconceito que infelizmente ainda existe.
É baseado nesses fatos que esse projeto foi criado, podemos mudar a história de toda uma tribo e para melhor. Vamos nessa?
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